segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Um dia qualquer do passado

Entramos na loja quase no final do expediente, as luzes estavam parcialmente acesas, mas a porta não havia sido abaixada ainda.
Uma moça loira no fundo da loja nos olha com desprezo, fácil imaginar por quê; não somos uma visita pertinente já que provavelmente havia alguém a sua espera e nada poderia atrapalhá-la.
O que queríamos afinal?
A grande placa pendurada sobre nossas cabeças sinalizava uma grande promoção de máquinas do tempo. Meu dinheiro daria para levar pelo menos uma.
A máquina, ainda não muito popular, era como um Iphone lá do início do século, lojas reais, não muito comuns ultimamente, vendem essas coisas com a promessa de uma felicidade instantânea.
Pensei bem em como abordar a moça birrenta e sua maquiagem cinza ainda dava um tom a a mais de medo de prosseguir.
Chegamos até ela, pedimos a máquina, ela relutante, querendo sair naquele instante nos disse: "a loja está fechando, meu robô está lá fora me esperando, os caminhos subterrâneos a essa hora estão um caos, portanto voltem amanhã!"
Não satisfazendo nosso desejo insano, a raiva apoderou-se de nossas mentes. Matei a moça, dois raios no meio de sua cabeça.
A loja toda, seus monitores flutuantes e seus vendedores fantasmas sorriam. Entramos na máquina, voltamos para duas horas mais cedo. Entramos na loja e compramos a máquina.
Agora olho estupefata para essa casa, esse computador, nossos rostos em retratos de papel, minha avó numa caricatura cruel. Facebbok, Twitter, Instagram... coisas tão engraçadas!
Pegamos uma cerveja, feita com água, nossa! Tomamos e ouvimos Pink Floyd.